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A luta pela educação precisa ser feita com educação – Jornal da USP


m 2016, vivíamos uma crise econômica e política no país, que afetou duramente as universidades estaduais e nos impôs severas restrições orçamentárias. Na época, foram decretadas greves sem pautas muito específicas. Empilharam mobiliário, impedindo acesso aos espaços da universidade.

Hoje, em grande parte devido às restrições daquela época, temos um grande contingente de docentes a repor, o que teve início assim que a atual reitoria assumiu, em janeiro do ano passado. O ritmo de concursos obedece às determinações da legislação, incluindo a impossibilidade de contratar no período eleitoral do ano passado.

Novamente, ao invés de buscar diálogo construtivo e construção de soluções, vemos a construção de esculturas de mobiliário, barrando acessos e interditando os espaços de trocas de ideias.

“Um indivíduo encosta uma pistola em minha orelha e grunhe, por entre os dentes, ‘Entregue-me seus pertences ou atirarei e então você se tornará um assassino!’” (Abraham Lincoln, Discurso na “Cooper Union”, 27/02/1860)

As universidades estaduais paulistas enfrentam novamente manifestações violentas por parte de sindicatos de funcionários e associações estudantis com apoio velado de sindicatos de professores.

Como se sabe, USP, Unesp e Unicamp vivem grave crise financeira, fruto de gestões recentes populistas e irresponsáveis e também da retração econômica sem precedentes, que reduz fortemente suas fontes de receita, vinculadas à arrecadação de ICMS do Estado.

Temos problemas sérios a enfrentar nesse cenário de escassez de recursos, frente a diversas demandas crescentes e legítimas da sociedade, que deseja ver a ampliação e universalização das possibilidades de acesso à educação superior, que espera a geração de conhecimento especializado que possa se reverter em crescimento econômico e bem-estar social.

É um momento que exige escolhas difíceis, priorização de certas despesas em detrimento de outras, na maior parte das vezes meritórias.

Afirmando “lutarem pela Educação”, os sindicatos apresentam a resposta usual, aprovando greves em assembleias presenciais, após intermináveis horas de discursos carregados de ideologia e que buscam vilanizar os atuais reitores.

Há milhares de funcionários, estudantes e docentes nas nossas universidades. Jamais os números de votos a favor das greves passam de algumas centenas. Os sindicatos recusam-se terminantemente a adotar votações eletrônicas, expandindo o universo possível de opiniões.

Como as greves não mobilizam a maioria, os sindicatos e o “movimento estudantil” optam por realizar piquetes físicos, impedindo o acesso aos locais de atividades didáticas e acadêmicas. Privatizam as universidades, nesses momentos, para poderem impor suas agendas totalitárias.

Nas greves da safra de 2016, vemos protagonismo de movimentos estudantis que recorrem a cadeiras e mobiliário para montar barricadas em frente de salas de aula e mesmo obstruir completamente o acesso a prédios inteiros na universidade. Assim, buscam impedir atividades que devem julgar “reacionárias”: a produção e disseminação de conhecimento.

Um vídeo de um professor que teima em continuar a dar aula, falando em meio ao som de bumbos em sua sala, “viralizou” recentemente na internet. Vemos um grevista estudantil que chega ao ponto de apagar o que o professor escreve no quadro!

Apesar das assembleias estudantis serem restritas, em princípio, apenas a membros do corpo discente, eles demandam a submissão de todos, incluindo os docentes. Alguns “subversivos”, como eu, recusam-se a capitular.

Reitero meu direito a manter uma consciência crítica, individual e independente. Há colegas que bradam contra a “criminalização” do movimento estudantil, sugerindo que esses discentes buscam “diálogo”. Não é possível nos curvarmos à inversão da lógica: os piquetes constituem uma negação dos princípios da instituição universitária.

Como disse Lincoln, não se pode acusar alguém que se recusa à submissão, quando tem uma pistola apontada a sua orelha, de ser avesso ao diálogo.

Ao receber a “Médaille d’Or” do CNRS em 1996, Claude Cohen-Tannoudji (prêmio Nobel de física em 1997) escreveu (tradução minha): “A atividade de pesquisa é uma escola onde aprendemos a importância do diálogo, da confrontação das ideias, do respeito pelo outro. Quando apresentamos um resultado, é necessário responder às objeções, reconhecer seus erros (se existem), refinar seus argumentos para obter a adesão dos outros, aceitar modificar seu ponto de vista se ele não é satisfatório. (…) Ela contribui para dissipar o obscurantismo e constitui, tenho convicção, uma muralha para nos proteger da intolerância e do fanatismo”.

Já passou da hora de substituirmos definitivamente as barreiras feitas de mobiliário pela confrontação de ideias e pelo refinamento de argumentos. A luta pela educação precisa ser feita com educação.

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(As opiniões expressas nos artigos publicados no Jornal da USP são de inteira responsabilidade de seus autores e não refletem opiniões do veículo nem posições institucionais da Universidade de São Paulo. Acesse aqui nossos parâmetros editoriais para artigos de opinião.)





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