A proposta foi apresentada pela Faculdade de Educação “pela qualidade do seu trabalho artístico, sua atuação como defensora das artes, da democracia e da educação, além de seu envolvimento com a comunidade”
Por Adriana Cruz
O Conselho Universitário aprovou, no dia 12 de dezembro, a outorga do título de Doutora Honoris Causa à artista Marisa Monte. A proposta de concessão do título foi apresentada pela Faculdade de Educação (FE).
De acordo com o Estatuto da Universidade, a honraria é concedida “a personalidades nacionais ou estrangeiras que tenham contribuído, de modo notável, para o progresso das ciências, letras ou artes; e aos que tenham beneficiado de forma excepcional a humanidade, o País, ou prestado relevantes serviços à Universidade”.
De acordo com o projeto apresentado pela FE, a concessão do título a Marisa foi fundamentada “pela qualidade do seu trabalho artístico, sua atuação como defensora das artes, da democracia e da educação, além de seu envolvimento com a comunidade, incluindo seu apoio a crianças da escola mirim da Portela e seu trabalho com artesãs na comunidade de Curral Grande, no Ceará. Reconhecida e admirada pelas atividades de pesquisa e de estudo em relação à arte e à cultura brasileiras, é um exemplo de trajetória impecável, tanto do ponto de vista humano quanto no que diz respeito a seu percurso profissional”.
Na USP, Marisa é embaixadora do Programa USP Diversa, voltado para captação de recursos e financiamento de bolsas de permanência estudantil para alunos em situação de vulnerabilidade socioeconômica, e criou o Espaço Imaginário Marisa Monte no Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas, onde estão disponíveis instrumentos musicais, uma televisão, materiais para desenho e livros doados por diversas editoras para oferecer aos pacientes conforto emocional durante os períodos de internação no hospital.
“Muitos podem se perguntar por que a Faculdade de Educação fez essa proposição. A Congregação entende que a faculdade tem grande interface com a cultura. Marisa Monte atua em todas as fases de desenvolvimento de suas obras, além de sua dedicação à pesquisa. A aprovação da concessão do título a ela é um sinal de que a USP se abre para a sociedade, criando a oportunidade para que novas iniciativas venham a se agregar à nossa instituição”, explicou a diretora da FE, Carlota Boto.
Nesse sentido, Carlota citou o fato de a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) ter concedido, no final de novembro, o título de Doutor Honoris Causa ao grupo Racionais MC’s. “Essa é uma demonstração de um movimento mais amplo da abertura das universidades para fora de suas fronteiras”, considerou.
O reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior destacou que a artista tem sido “muito ativa no programa USP Diversa e tem nos auxiliado na captação de recursos para o nosso fundo patrimonial. A USP precisa estar mais aberta à sociedade, com foco na arte e na cultura, e esse é um título bastante merecido”.
Desde a sua criação, há quase 90 anos, a USP concedeu 122 títulos Doutor Honoris Causa. O mais recente foi em maio de 2022, quando o Conselho aprovou a concessão da honraria à farmacêutica Maria da Penha Maia Fernandes, reconhecida internacionalmente por sua luta contra a violência doméstica.