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uma síntese da avaliação – Jornal da USP

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O presente texto dá continuidade à série de artigos temáticos sobre a avaliação das 51 unidades acadêmicas no 5º Ciclo Avaliativo (2018-2022), realizado pela Câmara de Avaliação Institucional (CAI) da USP, agora com foco no ensino da graduação e da pós-graduação.

As atividades de ensino constituem uma das dimensões mais nobres de nossa universidade e aquelas que, com a pesquisa, mais projetam sua importância junto à sociedade paulista e brasileira. Entre todas as universidades brasileiras, a USP ocupa uma posição destacada na formação e requalificação dos quadros profissionais das principais organizações públicas e privadas, estatais e não estatais, que operam em nosso país, em todos os tipos de atividade e em todos os níveis de seu território. A cada ano, mais de oito mil (8.981 em 2021) estudantes são graduados pela USP em seus mais de 300 cursos de bacharelado e licenciatura (329 em 2021), além de formar mais de cinco mil alunos em nível de mestrado e doutorado (2.901 alunos em nível de mestrado e 2.200 alunos em nível de doutorado em 2021). Isso, sem contar os inúmeros cursos de atualização e especialização oferecidos regularmente pelos serviços de extensão de suas unidades acadêmicas. Ao realizar essa missão, a USP não só contribui com a reposição, praticamente em fluxo contínuo, do estoque nacional da força de trabalho de alta qualidade, mas também com o atendimento das novas demandas de um mercado profissional permanentemente impactado pelas transformações tecnológicas, organizacionais e culturais.

Atualmente, o ensino na graduação e pós-graduação é uma atividade-fim contemplada por todas as 51 unidades acadêmicas da USP. Mesmo os museus e os institutos de pesquisa, que não possuem cursos de graduação, colaboram ministrando disciplinas obrigatórias, optativas ou eletivas para cursos de outras unidades. A ressaltar que os cursos de graduação da USP estão sempre entre os melhores do País nos sistemas nacionais de avaliação e também muito bem colocados nas avaliações internacionais.  Todas as 51 unidades também colaboram com os programas de pós-graduação, mesmo as que não sediam um programa próprio.

A análise dos relatórios das unidades revela um movimento generalizado para atualizar e tornar mais eficientes os cursos de graduação, tanto do ponto de vista de utilização de recursos humanos e infraestrutura, como de se adequar aos novos conceitos do aprendizado. As unidades, em sua maioria, reviram ao longo do quinquênio os respectivos Projetos Político-Pedagógicos da graduação. Assim, somos informados de reformas curriculares em curso ou já concluídas, visando, entre outras, à flexibilização e à formação interdisciplinar; a uma maior destinação a disciplinas optativas e eletivas; à maior circulação dentro e fora da unidade onde o curso é oferecido; à criação de novas disciplinas, mais afinadas com as exigências do mercado de trabalho e/ou com linhas de pesquisa e atividades de extensão; à introdução de novos métodos de ensino; e à contabilização de créditos por atividades extracurriculares.

Notamos um esforço importante dos cursos de graduação para fazer parcerias com empresas e órgãos públicos, a fim de facilitar estágios e aperfeiçoar a sintonia com o setor produtivo. Também percebemos o avanço dos métodos pedagógicos, como resultado da busca da integração das áreas do conhecimento, da introdução de metodologias ativas e do desenvolvimento de tecnologias educacionais utilizando mídias digitais.

Em todas as unidades observamos também a procura da internacionalização, tanto na pós-graduação quanto na graduação. Além do aumento de convênios de dupla titulação, vários cursos e programas têm implementado políticas de atração de professores-visitantes estrangeiros para ministrar disciplinas e conferências, oferta de disciplinas em inglês, intercâmbios e estágios de pesquisa.

A pandemia da covid-19 causou prejuízos significativos, especialmente nas disciplinas de graduação e pós-graduação que exigem aulas práticas, laboratórios e trabalhos de campo. Porém, ela também acabou por incentivar o desenvolvimento do ensino-aprendizagem remoto, a educação a distância, os modelos híbridos de ensino e o manuseio de ferramentas digitais. Em geral, as unidades foram capazes de responder com rapidez aos desafios da crise sanitária, realizando a transição para aulas remotas e oferecendo treinamento para o uso de aplicativos e equipamentos para viabilizar a referida transição. Muitas passaram a disponibilizar videoaulas não só para seus alunos, mas para o público em geral (por exemplo, via Youtube), abrindo a possibilidade, ainda pouco divulgada, de acompanhamento de disciplinas por uma audiência externa à USP.

Igualmente por conta da pandemia, os programas de pós-graduação passaram a fazer seus processos seletivos de modo virtual, e graças a essa iniciativa houve aumento do número de inscritos e maior diversificação da origem regional dos candidatos. As bancas de mestrado e doutorado puderam contar com mais membros estrangeiros, e alunos de outros estados conseguiram participar das disciplinas em modo remoto.

Cabe destacar o esforço, amplamente abraçado, para acompanhar a adaptação e desempenho dos alunos cotistas, em função da política adotada oficialmente pela Universidade a partir de 2018. Também na pós-graduação, um número crescente de programas tem introduzido políticas de ação afirmativa em seus processos seletivos.

Segundo diversos relatórios nos informam, a política de cotas vem alcançando o objetivo de aumentar substantivamente o número de alunos provenientes de escolas públicas, assim como o de promover a recomposição étnica do corpo discente, com maior presença de pretos, pardos e indígenas.

Talvez em decorrência dessa mesma política de implantação de cotas, é visível como as unidades aguçaram sua sensibilidade para com os problemas de permanência e acolhimento estudantil. Hoje, praticamente todas elas têm diretrizes para auxiliar alunos com dificuldades econômicas, ou para suprir algumas falhas na formação científica, ou ainda para os que se defrontam pela primeira vez com ambiente de convívio muito diferente. As ações geralmente relacionam-se à captação de bolsas de estudo, reforço em disciplinas mais difíceis, conversas em grupos de alunos e docentes, facilitação de estágios e iniciações científicas, Semana de Recepção aos Calouros, monitorias, mentorias e acompanhamento por tutores. O atendimento de saúde mental e o acompanhamento ao longo do curso para evitar a evasão são metas apresentadas por todas as unidades, embora implementadas apenas em alguns casos. Embora ainda não exista uma política geral da Universidade para conhecer as diferentes causas da evasão, várias unidades têm buscado entendê-la melhor e tomado medidas para minimizá-la.

Alguns cursos, muito procurados, desejariam aumentar a oferta de vagas na graduação, deparando-se, no entanto, com a escassez de docentes e funcionários disponíveis e infraestrutura insuficiente ou inadequada. Com níveis variados de articulação, as unidades possuem políticas para tornar seus cursos de graduação mais conhecidos junto ao público, especialmente no ensino médio, como o provam a Feira das Profissões da USP, os eventos setoriais (por exemplo, a Febrace, Feira Brasileira de Ciências e Engenharia), as visitas guiadas às unidades, as visitas aos colégios, as vagas para alunos vencedores de olimpíadas estudantis, entre outros. Essas iniciativas muitas vezes têm recorte de gênero e raça, procurando incentivar meninas e grupos raciais ainda pouco representados na Universidade.

A análise do quinquênio também nos revela uma intensificação de ações transversais e integrativas, embora poucas unidades tenham políticas explicitamente traçadas com esse objetivo. Pode-se relacionar esse avanço à crescente participação de alunos de graduação e pós-graduação nos cursos de extensão e nos convênios entre as unidades e órgãos públicos e empresas, além das iniciações científicas, monitorias e eventos técnico-científicos como o Siicusp (Simpósio Internacional de Iniciação Científica da USP) e outros próprios de áreas específicas.

Por conta da diminuição dos recursos para pós-graduação e pesquisa em nível federal (CNPq, Capes, Finep etc.), muitos programas de pós-graduação tiveram uma queda no número de bolsas, o que afetou a produção de teses e dissertações e provocou aumento da evasão. A despeito dessa situação adversa, os programas não deixaram de implementar suas metas. Destacam-se, entre outros, os esforços para transformar os resultados de pesquisa de seus alunos (teses e dissertações principalmente) em publicações, na forma de artigos e, menos frequentemente, em livros. Muitos programas de pós-graduação têm políticas de atração de talentos e algumas unidades buscaram aumentar a oferta de mestrados profissionais. Programas com avaliação apenas regular na Capes apontam a dificuldade de equilibrar a oferta de disciplinas de graduação e pós-graduação, dada a diminuição do número de docentes nos últimos anos, o número insuficiente de bolsas de estudo, a carência de servidores administrativos e a carência de espaço físico para pesquisa.

De fato, entre os problemas apontados por todas as unidades, a diminuição e envelhecimento do quadro docente e dos servidores não docentes são o que mais se destaca. Outra constante é a carência de recursos financeiros para iniciar ou finalizar obras planejadas de infraestrutura. Porém, mesmo com as dificuldades financeiras, os acervos das bibliotecas das unidades têm sido renovados regularmente, e estão sempre entre os maiores e mais atualizados do País em suas respectivas áreas de conhecimento.

Para o acompanhamento dos egressos, a maioria das unidades se vale principalmente da plataforma Alumni. Como a adesão a esta plataforma é voluntária, falta ainda uma maior divulgação para que ela se torne uma base de dados mais efetiva. Percebemos, a esse respeito, que as unidades conseguem acompanhar melhor os egressos de pós-graduação do que os de graduação. As informações coletadas, embora parciais, indicam que os egressos dos cursos de graduação e pós-graduação da USP alcançam boa inserção no mercado de trabalho, em indústrias, instituições financeiras, órgãos públicos, escolas, universidades e centros de pesquisa no País e no exterior; atuando em empreendedorismo, inovação e políticas públicas; e contribuindo para o desenvolvimento econômico, social e ambiental do País.

Enfim, em nosso exame do desempenho da USP no eixo do ensino na graduação e na pós-graduação, tendo por base os relatórios de suas unidades, observamos uma notável sintonia dos cursos e programas com os objetivos e metas definidas em seus respectivos projetos acadêmicos, assim como uma resposta convergente de quase todos eles às prioridades e incentivos impulsionados pelos órgãos centrais da Universidade. Há, sem dúvida, dificuldades e desafios que persistem – como os apontados acima – mas a CAI considera que a soma geral dos resultados nesse eixo é claramente positiva.

Com o fim da pandemia e a superação da longa crise financeira atravessada por nossa universidade, é possível projetar, para o próximo quinquênio, uma nova etapa de melhorias sucessivas, aprofundando ainda mais o compromisso da USP em manter a coluna vertebral da força de trabalho de alta qualidade em nosso país. Neste processo gradual de recuperação dos recursos humanos e materiais, cada unidade deverá atentar à responsabilidade de estruturar bem seus cursos e otimizar as reposições de docentes, compatibilizando as necessidades das diferentes áreas segundo seu projeto acadêmico, até que toda a USP consiga completar a travessia para uma situação mais confortável e compatível com sua importância junto à sociedade paulista e brasileira.

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(As opiniões expressas nos artigos publicados no Jornal da USP são de inteira responsabilidade de seus autores e não refletem opiniões do veículo nem posições institucionais da Universidade de São Paulo. Acesse aqui nossos parâmetros editoriais para artigos de opinião.)





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